
Eu sei que por hoje ser 25 de Abril, ficaria bem pôr post lamechas no blog a falar das virtudes da revolução ou então uma foto ainda mais lamechas de uma criancinha a pôr um cravo na arma de um soldado... Mas como todos os bloguistas portugueses já o fizeram e os leitores já devem tar fartos de ler sobre isso, eu decidi evitar cair nesse "cliché"! E em vez disso vou falar de um dos filmes que mais me marcou nos últimos anos, Dogville do Lars von Trier.
Dogville conta a história de uma pequena aldeia dos anos 20/30 do século passado, perdida nas Montanhas Rochosas dos Estados Unidos. Esta é uma aldeia pacata, ainda vivendo sobre os efeitos da grande depressão dos anos 20 e marcada pela pobreza e vivendo das afinidades entre os seus poucos habitantes.
Mas toda esta pacatês é quebrada com o aparecimento de uma estranha na aldeia, Grace (Nicole Kidman) uma fugitiva da lei que os habitantes decidem albergar em troca de alguns serviços prestados à comunidade. Mas é nesta altura que os podres dos habitantes começam a vir ao de cima... E mais não conto...
Esta é uma história idealizada por Lars von Trier, o realizador dinamarquês que esteve na genese criativa de obras como "Dancer in the Dark" (aquele filme com a Bjork) ou "Os Idiotas".
Este filme, mais do que narrar uma história, trata-se de um exercicio de experimentação visual, sonora e teatral, uma vez que o filme foi totalmente gravado dentro de um armazém gigante, sem cenários e com apenas marcas no chão como linhas de guia para o posicionamento espacial dos personagens no filme. Para além desta componente visual experimentalista, von Trier (como é habitual no seu trabalho) conseguiu "espremer" o máximo potencial de cada actor, aproveitando apenas as melhores interpretações de cada take para a montagem final, daí a falta de "raccord" em determinadas cenas do filme.
Mas já me estou a alongar demais, por isso fica aqui o site DOGVILLE Official website para quem quiser descobrir mais sobre o filme.
5 comentários:
“Dogville” é o primeiro filme da Triologia que Lars Von Trier tem vindo a preparar sobre os Estados Unidos intitulada "USA - Land of Opportunities".
O segundo filme estreia brevemente no proximo festival de Cannes e chama-se "Manderlay". Sobre este sabe-se que se desenrola no Sul dos Estados Unidos durante o periodo esclavagista/anos 30, e que mantém a personagem "Grace", desta vez interpretada por Bryce Dallas Howard. "Manderlay" conserva o mesmo conceito cinematografico de “Dogville”, onde os cenários se reduzem a marcações no chão e os adereços ao minimo. O filme encontra-se já envolto numa polémica, devido a uma cena em que Trier filma o sacrificio de um asno. O acto foi mal recebido por parte dos grupos defensores dos animais, e mais tarde foi retirado da edição final do filme, por Trier achar que seria demasiado mediático, e se sobreporia à estória principal. Ficamos à espera cheios de curiosidade por ver o filme, mas com pena do Burro. Entretanto revelo-vos que o ultimo filme da triologia será o "Washington"… quem sairá sacrificado desta vez?
Relembro que não é a primeira vez que von Trier se vê no meio de uma polémica, uma vez que após a edição de Dancer in the Dark e de Dogville, von Trier passou a ser um alvo preferêncial das criticas de grupos feministas, que o acusam de basear todos os filmes nos abusos infligidos a uma personagem feminina subserviente.
por acaso nao tens o "dogville" ?? Hasta []
"Eu sei que por hoje ser 25 de Abril, ficaria bem pôr post lamechas no blog a falar das virtudes da revolução ou então uma foto ainda mais lamechas de uma criancinha a pôr um cravo na arma de um soldado... Mas como todos os bloguistas portugueses já o fizeram e os leitores já devem tar fartos de ler sobre isso, eu decidi evitar cair nesse "cliché"!"
Muito bem!
Mas sem as "virtudes" da revoluçao não conhecerias Lars von Trier, e muitissimas outras coisas...
És portanto uma pessoa com sorte não te esqueças disso!
E sendo uma dessas virtudes conquistadas na revolução de 25 de Abril (revolução que nunca contestei a importância) a liberdade de expressão eu estou a usufruir dela afirmando o facto de não sentir a necessidade de galvanizar algo que todos os Portugueses já reconhecem a importância.
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