Dogma95



Ainda mais informação sobre von Trier, coordenada pelo cinéfilo cá da casa, Senhor Jorge Santos:

O Dogma95, é um manifesto assinado por um conjunto de realizadores, entre os quais Lars Von Trier, em Copenhaga na primavera de 1995.
As regras têm o objectivo de contrariar certas tendências do cinema actual, e são assim uma espécie de acordo. “Rescue action”. Visto a “Nova Vaga” dos anos 60, se ter provado ineficaz na sua continuidade segundo os compinchas de Lars.“The anti-bourgeois cinema itself became bourgeois”.Hoje em dia qualquer um é capaz de fazer cinema, e para travar e disciplinar a democratização do cinema há que impor certas regras, a disciplina é a solução.
O cinema deve ser “anti-cosmética”, no sentido em que não deve enganar as audiências, e para isso há que estabelecer principios, conhecidos por “Voto de castidade”. Quebrar a ilusão no cinema. Para os Dogma95 o cinema não é ilusão.

Voto de Castidade:
Juro submeter-me às seguintes regras delineadas e impostas pelo Dogma95:

1: A rodagem deve ser feita “on location” Adereços e cenários não devem ser carregados para um local, se forem necessários para contar a estória, deve-se procurar um local onde possam ser encontrados.
2: O som nunca deve ser produzido à parte das imagens e vice/versa, a musica não deve ser usada a não ser que ocorra no local onde está a ser filmada.
3: A camera deve ser “hand-held”. O movimento tremido é aceitavel. O filme nao deve ser rodado onde a camera se encontra, a rodagem deve ser feita onde o filme se desenrola.
4: O filme deve ser colorido. Iluminação especial nao é aceite, e se nao houver luz suficiente deve-se prender uma lanterna ou lampada à camera.
5: Filtros e “optical work” são proibidos.
6: O filme não deve conter acção superficial como assassinatos, armas etc..
7: Alienação temporal e geográfica estão proibidas.
8: “Genre movies” nao sao permitidos.
9: O formato do filme deve ser 35mm.
10: O realizador não deve ser creditado.

Para além disto, juro como realizador abdicar do meu gosto pessoal! Já nao sou um artista. O instante é mais importanto do que o todo. O meu objectivo supremo é forçar a verdade daquilo que filmo. Juro fazer tudo isto com os meios que me forem disponibilizados, sacrificando o bom gosto e considerações estéticas.

Assim, faço o meu voto.
Copenhaga, segunda-feira 13 Março 1995

Thomas Vinterberg - Lars Von Trier - Søren Kragh-Jacobsen - Kristian Levring

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